Transtorno do Espectro Autista

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento descrito pela primeira vez pelo psiquiatra Leo Kanner, em 1943. Já naquela época, as duas características mais relevantes nessas crianças era a dificuldade de se relacionar com outras pessoas e a resistência a qualquer mudança de rotina.

 

A prevalência do TEA tem aumentado nos últimos dez anos. As estatísticas americanas apontam para uma prevalência de 1 caso a cada 68 crianças, com uma maior incidência em meninos: 4,5 meninos para 1,2 meninas. No Brasil, os números apontam para uma prevalência de 1 caso para cada 360 crianças, mas acredita-se que esse número esteja subestimado.

 

As causas do TEA são múltiplas. Acredita-se que exista um componente genético em 50% dos casos, como a idade paterna ou materna avançada. Os outros 50% são atribuídos a causas ambientais como história gestacional infecção, diabete, hipertensão, uso de medicamentos como o valproato de sódio, deficiência de vitamina D ou ácido fólico. Além disso, a prematuridade e o baixo peso ao nascer (< 2.500g) constituem fatores de risco.

 

Algumas outras doenças também podem estar associadas ao TEA como Síndrome do X frágil, Esclerose Tuberosa, Neurofibromatose, Encefalopatia Hipóxico-isquêmica Neonatal, Síndrome de West (e outras encefalopatias epilépticas), Paralisia Cerebral, Síndrome de Down e outras.

 

O diagnóstico do TEA é clínico e deve ser feito por um profissional médico competente e com experiência em distúrbios do neurodesenvolvimento. Não existe nenhum marcador biológico.

 

Os critérios diagnósticos para o TEA, de acordo com a CID 10 (OMS, 1993) são os seguintes:

 

A – Atrasos ou funcionamento anormal em, pelo menos, uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade:

  • Interação social;
  • Linguagem para fins de comunicação social;
  • Jogos imaginativos ou simbólicos.

 

B – Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um de (2) e um de (3):

  • Prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por, pelo menos, dois dos seguintes aspectos:
  • Prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social;
  • Fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento;
  • Falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (p.e., não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse);
  • Falta de reciprocidade social ou emocional.

 

Prejuízos qualitativos na comunicação, manifestados por, pelo menos, um dos seguintes aspectos:

  • Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica);
  • Em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação;
  • Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática;
  • Falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos apropriados ao nível de desenvolvimento.

 

Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por, pelo menos, um dos seguintes aspectos:

  • Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco;
  • Adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não funcionais;
  • Maneirismos motores estereotipados e repetitivos (p.e., agitar ou torcer mãos ou dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo);
  • Preocupação persistente com partes de objetos.

 

  • A perturbação não é melhor explicada por Transtorno de Rett ou Transtorno Desintegrativo da Infância.

Quanto mais cedo for identificado o TEA, mais cedo pode ser iniciado o tratamento e melhor será o prognóstico. Portanto, é importante acompanhar o neurodesenvolvimento das crianças e, ao primeiro sinal de qualquer alteração, um médico deve ser consultado.

Quem Somos

O INISP foi formado a partir do CEPISP (Centro de Epilepsia de São Paulo). O CEPISP foi criado em 1998, por neurologistas especialistas em epilepsia. Desde então, os seus profissionais vêm se dedicando e se aprimoramento para um atendimento de excelência em epilepsia.

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