13 maio Diferenças entre AVC isquêmico e AVC hemorrágico
Há dados suficientes para afirmar que o AVC é uma doença grave no Brasil. Hoje, vamos mostrar para você as diferenças entre AVC isquêmico e AVC hemorrágico
Tanto o AVC isquêmico quanto o AVC hemorrágico, têm a capacidade de culminar em resultados clínicos devastadores.
Os acidentes vasculares cerebrais podem ser classificados como hemorrágicos ou não hemorrágicos e a hemorragia intracerebral abrange 10% a 15% de todos os acidentes vasculares cerebrais.
A hemorragia cerebral ocorre pela ruptura de vasos cerebrais, geralmente como resultado da pressão alta, exercendo pressão excessiva nas paredes arteriais já danificadas.
Acidentes isquêmicos ou infartos cerebrais são o resultado do desenvolvimento de trombo e/ou êmbolos que levam a bloqueios e consequentemente levam a deficiência de oxigênio nos tecidos vitais.
O AVC hemorrágico está associado a um maior risco de fatalidade em comparação ao infarto cerebral.
Aqueles que sofrem AVC isquêmico têm uma chance maior de sobreviver do que aqueles que sofrem AVC hemorrágico, pois o AVC hemorrágico não apenas danifica as células cerebrais, mas também, em maior proporção, pode levar ao aumento da pressão no cérebro ou espasmos nos vasos sanguíneos.
Vale ressaltar que, quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento para o AVC, maiores as chances de recuperação. Deve-se atentar para os sinais e sintomas e procurar atendimento médico imediatamente.
Os principais sinais de alerta são: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental; alteração da fala ou compreensão; alteração na visão; alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
O AVC é uma emergência médica e dever ser conduzido prontamente por equipe médica coordenada por neurologista clínico, em centros hospitalares (Unidades de AVC), que possam disponibilizar o melhor tratamento na fase aguda, como trombólise e procedimentos endovasculares.
É importante notar, que existem processos para a recuperação neurológica.
Esses processos são produzidos naturalmente em cérebros adultos após reabilitação intensiva, o que poderia promover um fenômeno de reparo neural.
Chamamos de neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade neural, e refere-se à capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando sujeito a novas experiências.
Esta característica única faz com que os circuitos neurais sejam maleáveis e está na base da formação de memórias e da aprendizagem bem como na adaptação a lesões e eventos traumáticos ao longo da vida adulta.
É fundamental que se inicie, o mais cedo possível, medidas de reabilitação como forma de garantir uma recuperação eficaz
A reabilitação deve ser iniciada assim que o quadro clínico estabilizar.
Porém a permanência de sequelas incapacitantes, impondo os pacientes a limitações motoras, sensitivas, sensoriais, de compreensão e expressão dos pensamentos pode alterar a dinâmica de vida dessas pessoas, não somente pelas sequelas físicas que restringem as atividades do cotidiano, mas por tornarem muitos pacientes dependentes de terceiros para movimentar-se e agir com maior independência.
É nítido que esta situação pode constituir-se numa forte fonte de tensão familiar.
Nesse momento, é necessária uma redefinição de papeis entre os membros da família, escolhendo alguém para assumir a responsabilidade dos cuidados e, em muitas vezes, a adequação do ambiente para atender as demandas do familiar doente.
A experiência de cuidar de alguém acometido por AVC em casa tem se tornado cada vez mais frequente no cotidiano das famílias, porém, segundo fontes de pesquisas, em relação aos exercícios de reabilitação, alguns cuidadores mencionaram que os fazem “quando tem tempo” ou “quando lembram”.
Essas afirmativas podem suscitar várias interpretações.
Uma delas é a falta de tempo por parte do cuidador. Considerando que muitos deles, além de cuidarem de seu familiar, trabalham fora, têm filhos pequenos e/ou cuidam da casa.
As afirmativas podem denotar, inclusive, desinformação por parte dos cuidadores em relação à importância da realização de atividades físicas em casos de disfunção motora não apenas como forma de restaurar a mobilidade, mas principalmente de evitar agravos maiores:
- Atrofia muscular;
- Espasticidade e lesões de pele por permanecer muito tempo sentado ou deitado;
- Aliviar a dor nos casos de síndrome ombro-mão;
- Melhorar os movimentos; e
- A longo prazo, recuperar a função do membro incapacitado.
Como então você pode ajudar na reabilitação de um paciente que sofreu um AVC isquêmico e AVC hemorrágico?
#1. Busque informação e conhecimento sobre o acidente
Nas primeiras semanas, você será bombardeado com novas informações sobre a condição de seu familiar.
Use esse tempo para aprender tudo o que puder sobre sua condição específica e o nível de atendimento que ele possa precisar.
A equipe médica deve permitir que você assuma um papel ativo no processo de recuperação.
Acompanhe as consultas médicas e leve uma lista de perguntas.
Converse com seu familiar com antecedência para ver se ele tem alguma dúvida que possa estar com medo ou sensibilidade demais para perguntar.
Se o seu hospital oferecer grupos de apoio, participe também deles para aprender com outros sobreviventes e cuidadores de AVC. Quanto mais você aprender, melhor será o atendimento.
#2. Participe da reabilitação
A maioria das melhorias ocorrem nos primeiros 6 meses de recuperação do AVC.
Por isso é importante que seu familiar inicie a reabilitação o mais rápido possível após o derrame.
Participe das sessões de terapia do seu familiar, isso pode ajudar ele a se recuperar.
Você também deve perguntar ao terapeuta se existem maneiras de ajudá-lo na reabilitação em casa, como auxilia-lo nos exercícios em casa .
Embora, oferecer suporte possa ser útil, é importante não ajudar muito durante as sessões de reabilitação. Você também deve incentivar seu familiar a ser mais independente, desde que ele possa executar com segurança a tarefa.
A realização de pequenos objetivos pessoais pode ajudá-lo a se sentir mais confiante. Qualquer maneira de capacitar ele para concluir uma tarefa, pode incentivar a autoconfiança dele.
#3. Observe e monitore seu comportamento e humor
Um derrame é um evento traumático que provoca grandes mudanças na vida; portanto, não é surpresa que um sobrevivente de um derrame possa ter dificuldades com mudanças emocionais difíceis.
Algumas dificuldades emocionais, como a depressão, podem inibir a recuperação. Mais de 50% dos sobreviventes de AVC sofrem de depressão após o derrame.
A depressão pode dificultar a recuperação de um sobrevivente, tanto física quanto emocionalmente. Se o seu familiar estiver mostrando sinais de depressão, fale com o médico imediatamente.
Apoiar emocionalmente seu familiar é uma parte importante de ser um cuidador. Incentive-o a compartilhar seus sentimentos com você e esteja lá para ouvir.
Considere ingressar em um grupo de suporte com outros profissionais de saúde para obter dicas sobre como fornecer suporte.
Você também pode incentivar seu familiar a participar de um grupo de outros sobreviventes de derrame. Conversar com pessoas que passaram por uma experiência semelhante pode ser útil.
#4. Considere iniciar um estilo de vida saudável para toda a família (caso não tenham o hábito)
Após um AVC, 1 em cada 12 pessoas provavelmente terá um segundo.
Um derrame pode revelar problemas de saúde que vêm se acumulando há algum tempo, e seguir um caminho mais saudável pode ser a diferença entre recaída e um futuro saudável.
Embora existam fatores de risco genéticos que não possam ser alterados, muitos fatores de risco para o estilo de vida podem ser abordados.
Ser ativo é uma parte importante da prevenção de AVC. Uma equipe de saúde especializada pode ajudar a criar uma rotina de exercícios adaptada às capacidades do seu familiar.
Ter uma dieta saudável e com pouca gordura também é importante. Uma alimentação saudável pode diminuir o colesterol e reduzir a inflamação.
A ingestão de álcool também deve ser limitada. Se seu familiar é fumante, ele deve parar imediatamente, pois isso pode dobrar o risco de sofrer um derrame. É importante ajudar o seu familiar a permanecer no caminho certo com medicamentos e consultas médicas.
#5. E o mais importante – Lembre de cuidar de si
Como cuidador, você pode sentir a necessidade de fazer tudo pelo seu familiar, mas é importante reservar um tempo para si também.
Os cuidadores podem se sentir isolados, sobrecarregados e estão em risco de depressão também. Cuidar de si mesmo é importante para você e seu familiar. É difícil prestar bons cuidados quando você não está em um bom lugar.
Existem vários recursos disponíveis que podem ajudar os cuidadores que estão se sentindo sobrecarregados. Nunca se sinta culpado pedindo ajuda ou tendo tempo para si mesmo. Sua saúde também é importante.
Se precisar de orientações ou auxílio, conte com a equipe do INISP
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Dr. Gustavo Mercenas dos Santos
Neurologista e Neurofisiologista
CRM – 142.825-SP / RQE – 70009-1