Convulsão febril

foto de um médico segurando um termômetro

Convulsão febril

1.O QUE SÃO CONVULSÕES FEBRIS E POR QUE ELAS ACONTECEM?

As convulsões febris ou crises febris são crises epilépticas em vigência de febre. Segundo a ILAE (Liga internacional contra a epilepsia), as crises febris acontecem em crianças com mais de um mês de idade, que nunca tiveram crises convulsivas afebris anteriores, na vigência de uma doença febril não causada por infeção uma no sistema nervoso central (por exemplo, durante uma meningite).

Segundo a Academia Americana de Pediatria (2008), a faixa etária de risco para a ocorrência de crises febris é de 3 meses a 5 anos, sendo que 80% das crises febris acontecem entre 1 e 3 anos de idade. À medida que a criança cresce, o cérebro amadurece e diminui o risco de crises com febre. Raramente, algumas crianças podem continuar a ter crises febris com mais de 5 anos de idade.

Cerca de 5% das crianças com menos de 5 anos de idade apresentarão pelo menos uma crise convulsiva quando tiverem febre. Acredita-se que essas crises acontecem porque existe uma sensibilidade aumentada à febre em um cérebro em desenvolvimento.

Sabe-se que existe uma predisposição genética à ocorrência de crises febris. Existem famílias onde vários integrantes apresentaram crises febris; se ambos os pais tiverem história de crises com febre, o risco de os filhos apresentarem é de cerca de 30%; se um filho teve crise com febre, o risco de um outro filho também apresentar é de 20%.

2. COMO SE MANIFESTAM AS CRISES FEBRIS?

Na grande maioria das vezes essas crises febris são generalizadas, ou seja, envolvem todo o cérebro e provocam movimentos em todo o corpo; de curta duração (menos de 15 min) e resolvem espontaneamente sem que seja necessário usar alguma medicação para interrompê-las. Essas crises são chamadas de simples.

Em algumas crianças as crises febris podem ser focais (envolve só uma parte do cérebro), podem ter uma duração mais prolongada (mais de 15 min) ou podem repetir em 24 horas. Nesses casos, a crise febril é chamada de complexa.

3. O QUE FAZER DURANTE A CRISE?

Durante uma crise febril os pais e/ou cuidadores devem manter a calma, proteger a criança, virá-la de lado para evitar que engasgue com a saliva e esperar a crise acabar. Não devem colocar o dedo, nem nenhum outro objeto na boca da criança, nem tentar puxar a língua. A língua não enrola! Se a crise durar mais de 5 min e não parar espontaneamente, devem chamar uma ambulância ou levar a criança a uma unidade de Pronto Atendimento, onde um médico poderá atende-la e usar medicações para interromper a crise.

Quando uma criança tem uma crise febril, ela deve ser examinada para identificar a causa da febre e certificar-se que não tem meningite nem nenhuma infecção no cérebro. Geralmente não é necessário realizar exames adicionais àqueles que serão solicitados para investigar a causa da febre. A criança deve ser encaminhada para uma reavaliação médica para que os cuidadores sejam orientados adequadamente sobre o controle dos episódios subsequentes de febre e como agir no caso de recorrência da crise febril.

4. QUAIS SÃO AS CHANCES DE OCORREREM OUTRAS CRISES?

Após uma primeira crise convulsiva com febre, os pais e/ou cuidadores devem ficar atentos aos episódios subsequentes de febre, uma vez que 20% a 40% das crianças terão recorrência da crise. Aos primeiros sinais de doença febril, devem medicar com o antitérmico recomendado pelo pediatra (dipirona, paracetamol ou ibuprofeno) e tentar diminuir a temperatura da criança removendo suas roupas e dando um banho morno.

Após uma primeira crise febril, o risco de recorrência é maior em crianças menores de 1 ano de idade e quando a crise foi complexa (focal, prolongada ou teve recorrência dentro de 24h).

5. COMO É O TRATAMENTO?

A convulsão febril não é considerada uma forma de epilepsia e não está recomendado o tratamento contínuo com medicações antiepilépticas, salvo em situações excepcionais. Em algumas situações, o médico prescreve um antiepiléptico intermitente, que pode ser usado na criança no período febril.

Apesar de parecer assustador para os pais, que descrevem como “se o filho estivesse morrendo”, a evolução é extremamente benigna e o prognóstico é excelente.

Referências Bibliográficas
1. Camfield P, Camfield C. Febrile seizures and genetic epilepsy with febrile seizure plus (GEFS+) Epileptic Disord 2015; 17 (2): 124-33
2. Mewasingh LD. Febrile seizures. Clinical Evidence 2014; 01; 324.

Marcadores: